miércoles, 23 de octubre de 2013

Vinícius de Moraes e o país da minha infância/ Vinícius de Moraes y el país de mi infancia

(versión en Español abajo)

Quando eu nasci, ele já havia partido deste mundo, mas eu soube disso logo depois. Enquanto isso, cresci ouvindo as músicas dele, que saíam de uma fita do estéreo do carro do meu pai. Lembro das músicas de outros artistas tocando naquele aparelho. Tudo era feito para amenizar três dias de estrada até chegar ao destino desejado por minha família cada ano.


Nos anos ´80, era só chegar as férias de inverno e as malas já estavam prontas para viajar desde Tucumán até o Rio de Janeiro. Ao chegar na casa da minha família carioca a vida se convertia numa pintura de Tarsilia do Amaral: colorida e muito expressiva. Meu tio jorge, deitado na rede tocava no violão "Samba em Prelúdio", e pelas noites se realizavam festas naquela casa da Ilha do Governador, a casa dos meus avós.


A bebida oficial das festas na ilha não era caipirinha! A galera começava com uma cervejinha e logo passava diretamente para a cachaça pura!! e de repente todos abraçados cantavam juntos "Água de beber".
A orquestra ao vivo interpretava chorinho do Armandinho, samba do Paulinho da Viola, e a chave de ouro era: "Chega de saudade" e outras obras mais do "poetinha" Vinícius de Moraes.

Os adultos falavam de política, religião, música, economia e outros assuntos que eu não entendia muito bem, mais mesmo assim eu ficava olhando para eles e escutando. Quando eu ouvia sobre o Vinícius - sobre as suas mulheres e divórcios, o relacionamento com os seus filhos, a herança para os amigos, e seus vícios - achava que era fofoca de alguém da família! rsrsrsrs. Mas o certo é que ele estava sempre presente nas cancões, nas conversas e nos poemas das nossas vidas cotidianas no Rio.

Passaram 100 anos da sua data de nascimento e eu vejo as velhas fotos de Ipanema naquela época: mais calma, vintage e mais boêmia. Praias pouco visitadas nos tempos da juventude do me meu "caro amigo" que se transformariam em ícone, e onde eu caminharia aos quatro anos pegada na mão da minha mãe.

Descobri Vinícius durante minha meninice para logo abrir outras portas na adolescência: meu canto junto ao violão do tio Jorge, a dança do forró, as aventuras na Lapa, Dorival Caymmi bebendo numa lanchonete, o bairro Santa Teresa com chuva, Ilha Grande com sol, Os cariocas, meu primeiro grupo de Bossa Nova, e assim...

Mais foi Vinícius meu primeiro contato com a cultura popular brasileira, o poeta que musicou a minha vida.
Audaz, abertamente mulherengo, generoso, impune, apaixonado, tão burguês quanto boêmio, sensível, romântico, criativo.
Encontrei um pouco de Vinícius no me pai, meu tio, meu amado Esteban, meus amigos Pedro, Luis e Dani, e nos músicos que me acompanharam.

Esse homem que hoje teria mais de cem anos, me faz derreter cada vez que u ouço:

"De tudo, ao meu amor serei atento..."






Cuando nací él ya había desaparecido de este mundo pero yo me enteré mucho más tarde. Mientras tanto crecí con sus canciones que salían de un cinta que sonaba en el estéreo del coche de mis padres. Recuerdo otros intérpretes saliendo de ese aparato... todo sea por amenizar los 3 días de ruta hasta llegar a un destino esperado cada año por toda la familia.


Allá por los ´80 llegaba el mes de julio y armábamos las valijas para viajar desde Tucumán hasta Río de Janeiro. Al llegar a casa de mi familia carioca la vida era un cuadro de Tarsila do Amaral: colorida y expresiva. Mi tío Jorge, virtuoso en la guitarra deitado na red, tocaba "Samba em preludio" y por las noches se armaban unas largas fiestas en casa de mis abuelos na Ilha do Governador.


No era caipirinha lo que se bebía, pasaban de la cerveza a só cachaça y abrazados los amigos cantaban "Agua de beber".
De fondo una orquesta en vivo interpretaba chorinho de Armandinho, samba de Paulinho da Viola y el broche de oro: "Chega de Saudade", "Garota de Ipanema" y otros clásicos más de o poetinha Vinicius.
Entre adultos se hablaba de música, política, religión y esos temas que no entendía del todo pero igual escuchaba. Y cuando oía sobre Vinícius tal vez pensaba que se trataba de algún familiar: sus mujeres, el vínculo con sus hijos, la herencia para los amigos, sus vicios. Mi familia brasileira era fofoqueira tal vez, ja! pero lo cierto es que era un personaje que estaba siempre presente en sus poemas, sus canciones y las charlas cotidianas.


Atravesando el mes del centenario de su nacimiento, reviso viejas fotos de Ipanema, cuando era más tranquila, más bohemia y menos registrada. Playas poco visitadas en los tiempos de infancia de meu caro amigo que se transformarán en símbolo años más tarde y que yo caminaría de la mano de mi madre con 4 años.


Descubrí Vinícius durante mi niñez para luego abrir otras puertas en la adolescencia: mi voz en la guitarra de mi tío, la danza del forró, canciones de Dorival, aventuras na Lapa, Gilberto, Santa Teresa con lluvia, Os Cariocas, Ilha Grande, mi primer grupo de Bossa Nova, y así. 


Pero Vinícius de Moraes fue mi primer contacto con la cultura popular brasileira, o poeta que musicó a minha vida. Audaz, mujeriego, desprendido, polifacético y culto, pícaro e impune, incomprendido, tan burgués como bohemio, abiertamente infiel, apasionado por todo, creativo, sensible, romántico.
Pedacitos de Vinícius he encontrado en mi padre, mi tío, mi amado Esteban, mis amigos: Pedro, Dani, Luis y en los músicos que me han acompañado.

Este hombre que hubiese cumplido cien años, me sigue desarmando cada vez que comienzo a leer:
"De tudo, ao meu amor serei atento..."




No hay comentarios:

Publicar un comentario